4 POEMAS DE RAIMUNDO CARNEIRO CORRÊA

Raimundo Carneiro Corrêa (Esperantinópolis/MA, 7 de julho de 1940). Professor (aposentado), escritor/poeta brasileiro. Militante cultural na área do Médio Mearim. É o autor de Notas históricas de Esperantinópolis (Opúsculo, 1970); Noite dos palmeirais (Contos,1973); Trincheira do azul (Crônicas, 1989); As vaias da galera (Romance contemplado pelo Plano Editorial SIOGE/ SECMA, 1994); Abril (Crônicas, 2010); Mandinga, (Romance, 2013); Moendas e fusos(Memórias, 2014). [Seleção dos poemas para a QUATETÊ — Ana Neres Pessoa Lima Gois]
GARI
Ó Gari, como compões
meu dia de cidadão
e com a vassoura fazes
a pureza rua espaço
dos meus voos liberdade!
Escrevo-te esta carta!
Eu sou bem-aventurado
Por contar contigo, o homem
E a mulher, és muitos!
Que varrem minha cidade!
Como os talos da vassoura…
Total sem ti não daria!
Oh Garis do Mundo! Pássaros!
Varreis céus dos nossos sonhos!
BALAIO
Fascinante vida
Sonho.
Ao teu convívio vou
porque me carece ter
Imaginação,
Tinta, pena, papel,
consciência.
Amor
poder
palavra
que escreve
as cartas de alforria
que levantam braços,
cabeças;
Movem danças
da noite de alegria.
Roda verde terra maranhense.
Porque se tem de caminhar,
tutelar o sonho
que se aquilombou
a tecer balaios.
Lutas, escuras, letras
– ajuntadas pedras –
fortaleza de punhos,
povo com o poder de olhar,
Ler, escrever,
combater,
tecer
a poesia da palmeira
que existe por amar,
ensinar,
compreender
tal Cosme Bento das Chagas,
ao
cordializar
Ensino livro ação
Canto bem-te-vi
Libertação.
A LÍNGUA DO BOI
A língua do boi se diz
De sorriso amor e graça!
Como ajunta a gente em festa
Por ser povo, não ser massa!
Contemplando a mocidade
sacudida aos maracás,
que morenas mais faceiras,
rapaziada a sonhar!
Nas toadas nossas danças,
a gente chega na glória,
a vida fica mais festa
vem co’o Boi a nossa história!
No carreiro do sertão,
solo e solta imensidão!
CAFUA
Muito longe, além do mar…
Quem que a noite aprisionar
e apagou o sol na cafua
do humano mercado? Cravos
de navio negreiro, cruz
de uma América calvário?!
Mas a noite se fez dança
de um Boi d’estrela na testa,
sinal do amor encanto
d’el-rei Dom Sebastião!
Tom toada, a vez do povo!
Canto amor da liberdade!
Moçambique, Congo, Angola!…
Pátria amor d’infinda roda!
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