sábado, 28 de julho de 2018

Moendas e Fusos | Cidade Arte


Cidade Arte


“O que a arte exprime, claramente, é como uma ponte entre dois mistérios, o que vive profundamente na alma do artista e o que vem depois da obra de arte e não acaba nunca.”
                               Graça Aranha
                                  A Estética da Vida





Esperantinópolis nasceu de uma dança. Ganhou nome de festa onde se fez centro de uma graça que a envolveu de cores e lhe deu luzes, luzes do Centro do Boi.
A dança economia que impulsionou Cândido Mendes da Silva e seus companheiros a descer a Serra do Angelim, ver, seguir o igarapé até onde o boi lhes aparece e a beber na lagoa, boi largado de alguma boiada, boi do nome Centro do Boi.
Outro nome sugere ainda a economia das terras devolutas, matas, chão fértil para os canaviais, algodoais, arrozais... Como numa eterna quermesse a festa da esperança. Da Boa Esperança, que o comerciante Cícero Gomes ouviu de um padre e então botou, já povoado Boa Esperança.
A tradição a escrever-se carta de amor à terra, amor de gente em casamentos e por casa, água e batismos a dar nomes sagrados das bênçãos filiais.
Não havia ainda a literatura, mas contavam-se as histórias das novenas de São Raimundo Nonato dos sertanejos da Serra das Mangabeiras. Havia a romaria da Divindade pelos caminhos, trazidos por piauienses. Eram grupos de devotos a conduzir Bandeira vermelha do Divino Amor com a imagem de Pomba e a caixa tambor a tocar os ritmos das cantorias das rezas.
Andavam de casa em casa a abençoar e a pedir donativos para o final da novena na última noite de rezas com muita comida e boa bebida. Com piauienses também veio a dança da Mangaba, uma composição de ritmos de origem indígena e o batuque afro e a poesia canto desafio entre cantadores nas noites dos pátios das moradias em que davam suas ciências da construção do engenho de moer a cana e do cozimento do caldo para o ponto de ser mel, açúcar, rapadura, cachaça.
Os cearenses ensinaram-nos outras danças, como a Dança de São Gonçalo, a do Maneiro-pau e jeitos de Reisadas, vários jeitos, conforme a região donde de originavam.
Reisados com acordeão, rabeca, viola, pifre... Uns com danças; outros, não; outros com o Boi e a Burrinha; as graças de Cazumbás também chamados Caretas. Inesquecível a memória do Reisado de Engrácia Pinheiro! Agora, como são tantas as opções de lazer... Como fazer de novo um Santos Reis com uma linguagem do Século XXI, sem o trair das origens?
Há uma crise presente. Recusa-se os bens do passado, e os do futuro ainda não há promessas. Empobrece-se o presente. É o caso do Carnaval feito Forró! Descaracteriza-se!
Esperantinópolis não era muito dada a carnaval em períodos de sua formação. Só no final do Século XX, depois de 1980, aconteceram carnavais de rua. E graças às teimosias de carnavalescas como Ricardina da Conceição, pioneira em desfile de blocos. O que deu até escolas de sambas. Experiência de Francivaldo e Águida Carvalho, Chiquinho Rodrigues, pode evoluir para um futuro bonito Carnaval.
O ano do calendário das tradições abre tempos bonitos de festas, as festas religiosas e as civis com as características folclórico-populares, como as festas do mês de junho. Dos arraiais das Quadrilhas, do Bumba-meu-Boi, do Coco... Há uma invenção muito grande de danças e ritmos. Sob influência tantas, em tempos de globalização.
Nossas tradições, em alguns casos, deixam de ser tradição por querer-se ver bonito no espelho de uma fantasia de pós-modernidade.
Mas há ainda quem vá à fonte, quem busca raízes a brotar renovos de beleza. É o caso do coco-baião dança Roda de Pote. Mandinga de graça a se formar nos arraiais da Cidade do final do Século XX e vindo pelo Século XXI, sucesso marca dos folguedos de Esperantinópolis, para dizer-se cidade festa, cidade da festa da esperança.



Letras


A cultura literária de Esperantinópolis formou-se do encontro de linguagens, de letrados barracordenses – funcionários públicos, professores, comerciantes – em diálogos dia-a-dia com os sotaques de nordestinos migrantes, trabalhadores das lavouras, tropeiros, artesãos, a formar linguagem significativa da cultura criadora de nossas artes.
As danças, a musicalidade a inventar instrumentos, o canto a usar letras palavras do viver, do amar, do achar graça sentido caminho do novo a aparecer-se.
O que se escrevia ainda não era literatura. Das primeiras quatro décadas de nossa história não se achou registro do que pudéssemos classificar como escrita literária.
Em dezembro de 1953, Claudio Carneiro trouxe de Barra do Corda vários exemplares do livro Canção do Abandono, de Olímpio Cruz, a mostrar que gente do interior também pode ser escritor e lançar livro. Foi um incentivo à leitura e à cultura da poesia que passou a ser declamada nas festas, nas escolas, nos discursos de políticos.
No dia 27 de junho de 1954, oficialmente, o Tabelião João Pinto Neto escreveu a Ata da instalação do Município de Esperantinópolis. No ano seguinte, 1955, o Capuchinho Frei Cosme de Borno iniciou os lançamentos no Livro de Tombo da Paróquia de registros dos acontecimentos do que começava a constituir-se como a História Religiosa e Civil da Cidade de Esperantinópolis.
No ano de 1960 chegavam as Irmãs Missionárias Capuchinhas que fundaram o Educandário Santa Rosa de Viterbo. Escola de curso primário, em que o ensino das artes tornou-se disciplina, do canto, da dança, da poesia... Eram freqüentes as horas de arte no palco do Educandário. Em 1968 inaugurou-se o Ginásio Bandeirante.
A literatura já aparecia, primária, mas com registros, até em jornais de São Luís. Em 1970, eu escrevi e ganhei publicação de 100 exemplares de trabalho escolar a que dei o título Notas Históricas de Esperantinópolis. Ao mesmo tempo, incursionei no mundo da heráldica e criei o Brasão Municipal e escrevi a letra do Hino da Cidade que, a 27 de abril de 1974, Graça Lima em ato de inauguração da Biblioteca Pública Municipal, cantou-o com sua música, o primeiro poema escrito sobre Esperantinópolis.
A 15 de agosto de 1973, lancei o livro Noite dos Palmeirais, contos. Tempo este em que me envolvia com todas as minhas potencialidades na construção de uma educação por ser nossa, para Esperantinópolis.
Em 1982, eu, Graça Lima, Domingas Alcântara, José Odon Soares de Carvalho, José Arimatéia Soares de Carvalho, estes dois irmãos e músicos, também poetas e, numa reunião de professoras, professores, artistas plásticos, gente boa já escrevendo bem, uma juventude entusiasmada com a experiência de teatro já bem moderno, com o apoio de toda a cidade, realizamos o 1º Festival de Arte Popular.
Foi um sucesso!
No ano seguinte, 1983, formávamos o Movimento Artístico de Esperantinópolis que teve, como iniciativa primeira a de lançar um livro coletânea de poemas escritos por integrantes do movimento a que deram o título PRIMEIRA POESIA DE ESPERANTINÓPOLIS.
O título é verdadeiro. De boa qualidade, sim, a primeira poesia de Esperantinópolis. Que continuou a produzir-se, comunicar-se, fazer a festa imaginação esperança a contribuir com o crescimento humano-social-cultural da cidade da esperança, que em 1985, recebe de Albertina Carneiro Arruda o seu primeiro livro de poesia, Poesia Canto D’alma. Por esse mesmo tempo a jovem talentosa Sandra Gomes Ibiapino faz-se presente em sua escola com boa poesia e Edézio Monteiro da Silva nem para nós com seu livro Eu Escravo (1983) e mais outros livros seus não publicados, mas oferecidos à leitura nas exposições dos Festivais de Arte Popular, nas feiras escolares, nas mãos de amigos.
Em 1985, visitam-nos o poeta Chagas Val, o dramaturgo Tácito Borralho, o maestro Wellington Reis, representantes da Secretaria de Estado da Cultura que vieram ver o que Esperantinópolis fazia em termos de cultura e arte, ensejo em que firmaram as condições para que nossa Cidade tivesse a sua Casa de Cultura, então entregue a Graça Lima, e mais, que Esperantinópolis tornasse-se Pólo Regional de Cultura da SECMA.
Em 1986, escritores de Esperantinópolis, Albertina Arruda, Edézio Monteiro e Raimundo Carneiro Corrêa, participam, em São Luís, do Encontro de Escritores Maranhenses, ponto histórico de que Esperantinópolis tornou-se conhecida e integrada no mundo da literatura maranhense.
Em 1989, lancei o meu terceiro livro, Trincheira do Azul, graças à solidariedade de três jovens amigos, Edézio Sena, José Arimatéia Soares de Carvalho e José Odon Soares de Carvalho que, comigo, formaram um fundo financeiro capaz de custear a impressão que, aliás, veio-nos cheia de erros, apesar da revisão que não foi considerada pela gráfica impressora. Ainda do período década dos anos de 1980, é-nos aparecido o talento de Francisco Rodrigues do Nascimento, jovem empenhadíssimo em atividades culturais, organizou, sistematizou a Biblioteca Pública Municipal para ser ponto de estudos dos alunos que a freqüentavam. E onde revelou-se poeta de uma originalidade lírica impressionante, chegando a lançar-se no livro RELICÁRIO, que, como expressa o título, ainda em cores românticas, porém a demonstrar-se poeta de seu mundo com propostas inovadoras em formas, temas, objetivos.
Em 1994, participei do concurso do Plano Editorial SIOGE/SECMA com o romance As Vaias da Galera, meu 4ºlivro. Com surpresa, recebi, pelo radialista Nilton Lee, a boa notícia da escolha pela Comissão de Leitura de meu livro. Desta forma, agradecido, reconheci-me aceito entre os escritores maranhenses.
Por mais quase duas décadas, a literatura esperantinopense não se publicou. Mas a refazer-se, reconstruir-se, saiu da rua e estudou. Quantos livros lidos, a preocupação pela formação acadêmica, tempo de espera e ação a se construir para em 2008, se fundar a Academia Esperantinopense de Letras, com Raimundo Carneiro Corrêa, Edézio Monteiro da Silva, Maria das Graças Lima Corrêa, Domingas Alcântara da Cruz, Raimundo Jovita de Arruda Bonfim, Márcia Fernanda Silva Figueredo, Albertina, Carneiro Arruda, Elizeu Lima Nascimento, Ana Néres Pessoa Lima Góes, Claudionel Carneiro de Souza, Sandra Gomes Ibiapino Marinho, Arlete de Souza Medeiros, Expedita de Araújo Silva, Maria Ires Clementino da Silva, Kelly Cristina Jovita Leite Santos, Ielde Simone Alencar Silveira, Jerry Adriany Rodrigues Nascimento, Josué Gonçalves de Lima. São estes, escritores, que também exercem profissões do mundo das ciências da educação, das medicinas, humana e veterinária, da Contabilidade, das comunicações, artistas também do teatro, da música, das artes plásticas.
Nossas letras estão em oficinas de muito trabalho por saírem-se em breve futuro, já pré-anunciados, trabalhos, com a marca da literatura contemporânea maranhense, inovada quanto à forma, com temáticas atuais, que se expressam com lirismo participativo, contextualizado, ao poetizar a vida em lutas por causas locais e universais. Liberada do regionalismo, participa da cidadania do mundo que pretende compreender, assumir e também o transformar. Faz-se com a história do mundo, aberta ao diálogo, disposta, corajosa, livre.
Assim a lemos em Edézio Monteiro, Nilton Lee, Elizeu Nascimento, Claudionel Souza, também Graça Lima, Albertina Arruda, Maria Ires Clementino, Arlete Medeiros, Sandra Marinho, Ana Néres Góes, estas duas últimas, vencedoras de concurso literário do 13º Festival de Arte Popular. Literatura esperantinopense que a 22 de dezembro de 2010 ganhou a eternidade com a morte do Poeta Edézio Monteiro. Sua obra, de um grande valor estético e renovador, ainda está inédita.
É desejo nosso a sua publicação. Causa do povo esperantinopense por um dos seus mais ilustres poetas.





Música


Música... A da sanfona, da tradição musical nordestina, do baião-pé-de-serra, e das violeiras cantorias. Rabecas e pifres e as percussões que faziam as danças do Bumba Boi, da Mangada, do Divino, do Reisado, faziam-nos as festas do corpo e do espírito, do amor e do céu, a unir terra e céu.
De Barra do Corda, veio-nos o violão de Canaã Ribeiro, o pistão de Orlando Ribeiro e as melodias da fé católica de ladainhas, cânticos, e letras e músicas das canções que, por lá, Barra do Corda, se ouvia do rádio, recebia-se em partituras pelo correio.
A partir de 1950, apareceu-nos a vitrola, a voz de Luís Gonzaga, de Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Jackson do Pandeiro, João do Vale. Para alegrar o primeiro festejo da cidade, veio-nos, de Pedreiras, a Voz do Comércio, alto-falantes e, que discoteca! No ano seguinte, 1955, os freis capuchinhos instalaram o serviço de som da Paróquia, a Voz da Esperança, que, a partir de 1970 chamou-se Voz do Cine Azteka com locução e técnica de som de Deolindo Ribeiro da Silva. Com o fechamento do Cine Azteka, 1983, inconformados com o silêncio musical, grupo de jovens liderado por Nilton Lee, realiza projeto Programa Emoções, com uma muito bem selecionada trilha musical de muito bom gosto, a unir tradição e renovação.
O rádio de transistor, a pilha, popularizou a música que nos deu a ouvir, a aprender, por fazer-nos presente de programações musicais dos grandes centros.
Mas os encantos da arte musical a inspirar por mãos mestres de tocadores afamados vindos de longe foi o que mais influenciou, impulsionou nossa cultura musical.
Consideramos nosso primeiro músico, tocador de sanfona esperantinopense, o Newton Dias Cardoso que desde 1952 faz música, com nosso povo em festa, exemplo seguido pela família. Newton ainda vive e vê os filhos, também músicos, Newtinho, tecladista, e Pedrinho do Acordeão que já integrou elenco de bandas famosas, nesta fase de início de Século XXI, do predomínio dos mega-shows a fazer a festa da música forró destes nossos tempos.
Registramos, por seus bons desempenhos musicais outros nomes, seguidores da tradição iniciada por Newton Dias Cardoso, músicos valorosos como Zequinha Lucena, líder músico sanfoneiro, que fez escola, influenciando gerações de fãs dos quais muitos músicos tornaram-se como Antonio Luís Ferreira, também radialista, cantor, comunicador, Sérgio Lopes Silva que, nos anos de 1980 e inícios de 1990, fundou o Grupo Esperança, com sucesso registrado na memória de quantos que dançaram, amaram em seus bailes pela região.
Com o surgimento dos conjuntos musicais eletrônicos, os grupos sanfoneiros baião-pé-de-serra como ainda então os conhecemos, sofreram grande queda de procura por parte dos festeiros a quem encantava o som eletrônico de guitarra, contrabaixo, teclado de tantos sons. Ainda, no entanto, persistem os grupos populares, exemplo de garra, como o do Zé Antonio da Jaqueira, de Esperantinópolis, desde 2003.
Voltando um pouco no tempo, de antes da tecnologia do som a evoluir-se, entre nós, lembramo-nos do primeiro baile animado por conjunto musical eletrônico, em 1968, promoção da Professora Maria Amélia Bezerra de Almeida. Um encanto, o som do órgão eletrônico, ao vivo! Durante as décadas de 1970 e 80, a mocidade urbana divertia-se com conjuntos musicais, famosos como o Jomar Tempo 3, os Bárbaros do Ritmo, dentre vários que fizeram as festas da Associação Recreativa da Mocidade Esperantinopense.
E os festivais!
Foram sementeiras. Fecundas, a partir de 1982. Quantos bons músicos, compositores, letristas, cantores Esperantinópolis ganhou com os Festivais de Arte Popular. São dessa época bons músicos, os irmãos José Odon Soares de Carvalho e José Arimatéia Soares de Carvalho, com o seu primo compositor e cantor Edvaldo Soares. E tantos e tantas, gente jovem que cultivou talentos e participou de eventos marcantes de nossa história musical do período, evento como a instalação da Rádio Boa Esperança do Mearim (1990) porta que trouxe a boa música popular brasileira na sua rica diversidade de gêneros e estilos e sob apresentações de gente nossa e nova a aprender com o microfone a comunicação com as massas da região do nosso Médio Mearim.
Esperantinópolis se fez encantos, arranjos musicais, beleza cidade musical com as vozes, os gênios de: Graça Lima, autora de música religiosa católica e música popular brasileira e maranhense, é mobilizadora do movimento cultural-artístico, técnica em gestão cultural, idealizadora e realizadora de muitos eventos dos quais sobressaem-se os treze Festivais de Arte Popular, no período de 1982-2010; é cantora da música do Hino de Esperantinópolis.
Leone, nome artístico de Josué Gonçalves de Lima Carneirinho, é letrista, compositor, cantor estilo sertanejo romântico, campeão em competições em vários festivais; Leonildo, nome artístico de Roberto Ferreira Silva, estilo musical do arrocha, variação brega para o sertanejo, voz muito aplaudida, campeã em festivais de que tem participado; Nilton Lee, de formação jornalista e poeta. As letras de suas canções expressam do poeta-cantor o lirismo na integração do eu e o mundo, o mundo da luta a se transformar com a ação música e poesia na história.
Maria da Luz Felix Borges, boa voz feminina, letrista, compositora, são belos e alguns deles premiados, os sambas-enredos que tem composto para o carnaval esperantinopense.
Jailson Fontes Alves, músico com pleno domínio de vários instrumentos como teclado, piano, violão, guitarra, autor de belos arranjos musicais. É cantor que anima festas sociais com boa música e boa voz.
Antonio Carlos Lima de Carvalho, Padre Carlinhos, letrista, compositor, cantor, músico. Sua participação na música esperantinopense é muito importante, mais como Padre Católico, por incentivar grupos e pessoas quando de eventos religiosos, à participação com voz, toque e talento.
Adonias Carvalho, compositor, cantor, autor e ator teatral. Faz música com lirismo que se desprende do romântico e se aliança à vida, fonte do amor.
Francisco David Souza, Bedeu, compõe e canta, reconhece-se de estilo brega e forró. Sambista, é também autor de sambas-enredo premiados.
E tantos, tantas, como o sempre presente poeta, cantor Raimundo Abel; o poeta, dramaturgo e senhor de uma boa voz, cantor Adonias Carvalho; o orador e cantor, voz inconfundível, do educador Jomilson Barbosa; o também, herdeiro de um canto bonito de ex vocalista de bandas musicais, o talentoso Thiago Lima, nome artístico de Adonias Rodrigues Feitosa.
Vozes vindas de mestres e de aprendizes, mas juntas, adentrando o Século XXI sob fortes influências de super bandas musicais, em super shows, encantadores. Quem não as admira? Que artista sedento de beleza, luz, glória e som potente não se deseje nessas apoteoses musicais? A imitação torna-se inevitável e benéfica. Benéfica em casos, quando a imitação busca no ser, no eu “tupiniquim” a massa a modelar-se por um sopro original de inovação.
Assim, as nossas bandas locais formadas ultimamente, com as caras, as belezas, os ritmos de danças de nosso povo. Quem são:
MARKA SAMBA, dos irmãos Marquinhos, Maycon, Marcelo, Mãe Maria e Pai Francisquinho. Fazem o forró swingado, de inspiração no pagode-axé-baiano, agrada tanto por arranjos de percussão que caracterizam a banda para o bom gosto do balanço.
HORTELÃ COM MEL, a sugerir beijo sabor de amor, amor à arte de sua idealizadora Toinha Silva com a voz de Deusimar Souza, voz reconhecida das festas com o tom do arrocha do vocal de Guilherme, voz e simpatia, e que harmonia!
DOCE MEL NA BOCA, a doçura da vida enamorada, música romântica em sintonia com os momentos de forró balanço, ào bom vocal de Vildene que diz-se cantora pela “vontade de ser ela mesma com a arte, ao abrir espaço para estar junto com sua gente no amor dança, festa, felicidade”.
RAIOS DO FORRÓ ou Forrozão Raios, esta uma banda instituída e mantida pela Prefeitura Municipal. Estilo musical “forró vaneirão”. Agrada bem pelo bom som da técnica de Francival Alves dos Santos. Som programado de Toinho Silva e vozes bem harmonizadas dos vocalistas Jussiê e Neuzinho.


Teatro


Primeiro, foi um palhaço que me assustou. Assim, com medo, ouvi o anúncio do espetáculo a dar-se na Rua do Caracol, de tempos em que o povoado de Boa Esperança expandia-se por áreas que atualmente são do Bairro Castelinho.
O teatro de bonecos foi o primeiro de nossas visões. Vinham os artistas com suas maletas de bonecos mamulengos a brincar de cima de empanadas, como o Casemiro Coco, a Maria Quitéria... Um desses artistas vivem conosco até os anos de 1990, o Zeca Mateus, também mágico e, que palhaço!
Os primeiros circos a dar espetáculos vieram-nos a partir de 1948, com o auxílio do transporte por caminhão. Mambenses, porém carregados de muita graça, sonho e arte.
Teatro mesmo, o primeiro palco, começou com Rosa de Canaã Ribeiro, a partir de 1945. Tatro de revista aprendido com as Freiras educadoras de Barra do Corda. Canaã Ribeiro e seus irmãos Orlando Ribeiro e Ivan Ribeiro, formaram do casarão familiar um teatro improvisado, com palco, boa cenografia, iluminação a querosene, “petromax”, utilizando papel celofane de várias cores para mudar tons de claridade. Os textos das peças, canções, coreografias das danças, os modelos de figurinos, tudo aprendizado com a cultura das artes barracordenses.
Mas, que sucesso! Tornou-se escola, ao se fazer de novo, todos os anos, ao multiplicar-se, desejo da juventude que se empenhou de também criar suas peças, danças, fantasias e canções.
A partir de 1960, com o Educandário Santa Rosa de Viterbo, das Irmãs Capuchinhas, tornaram-se mais freqüentes os espetáculos em que se experimentava o fazer arte com conhecimento, do texto teatral, da expressão corporal e vocal, cenografia, iluminação, guarda-roupa, maquiagem... Da trilha sonora. O teatro arte que se faz com todas as artes.
Deu-nos esse tempo, de tão poucos anos, mas de uma fecunda educação artística, discípulos, como Graça Lima, Nazaré Campelo, Luís Carneiro, que em 1968, ousaram em adaptar o texto clássico do conto Cinderela para teatro. Formaram elenco, figurino de época, cenário e, ela mesma, Graça Lima, atuando no papel principal, fez - que se abrisse o pano de boca do palco e deu-se a ver, a primeira vez, uma peça que comoveu a todos.
Ainda na década dos anos de 1970, por iniciativa do então Pároco Padre Raimundo Jorge de Melo, visitou-nos o GRITA, Grupo de Teatro Amador, do Bairro Anjo da Guarda, de São Luís, com a apresentação da peça De Volta ao Madeiro.
Que aula para os artistas amadores esperantinopenses! A novidade da arte teatral encarnada na realidade da vida do povo que, também, participa, canta, dança e dialoga com seus artistas.
Em 1980, professores estudantes do curso adicional ao magistério de 2º Grau do Colégio Cláudio Carneiro promoveram a encenação da peça O Circo Mágico Pororoca, uma comédia com temática social engajada, contando com trilha musical em que novamente Graça Lima demonstrou talento de compositora, diretora e, também, atriz.
Dois anos depois, 1982, ainda com Graça Lima, dramaturga, com várias peças encenadas, compositora, e então produtora cultural ao reunir professores, alunos, a comunidade esperantinopense a realizar o Primeiro Festival de Arte Popular – FAPE.
Além de ter sido um belo festival de teatro, também o FAPE o foi de literatura, música, dança, artes plásticas, artesanato e de apresentações folclóricas.
Por todos os últimos vinte anos do Século XX, Esperantinópolis foi palco de muitos espetáculos, com surgimentos de grupos como o Movimento Artístico de Esperantinópolis (1983) e o Cem Modos (1989).
O Movimento Artístico de Esperantinópolis, que se fez associação sob a sigla AMAE, registra-se na história de Esperantinópolis como escola e porque sua nascente deu-se numa escola, o Colégio Cláudio Carneiro, donde saíram os primeiros educadores filhos e filhas da terra de Esperantinópolis. E que continua a oferecer-se em aulas ao completar trinta anos de caminhada, ao renovar-se de acordo as exigências de cada etapa de seu percurso de ação associativa com as artes.
Os Cem Modos, por dez anos, mobilizou jovens artistas, os formou e os enviou. São muitos que ainda oferecem qualidades de uma boa arte teatral, musical, literária, que reúne a Cidade Arte em eventos como no carnaval, na semana santa, nas festas juninas.
Dessa evolução da Cidade Arte, a gente recebe com gratidão mestres e mestras. Gente que aprendeu com a luta e que ensina com amor. Registremos, da AMAE, a já tão bem conhecida Graça Lima e Lúcia Regina Silva Oliveira, in memoriam; do CEM MODOS, a educadora Águida Campelo Carvalho e a cantora Maria da Luz Felix Borges.
Mas a atualidade (2010) do teatro esperantinopense é de recesso. Poucas iniciativas, de religiosos. Fora disso, algumas peças, sem a necessária qualidade artística, em apresentações de eventos por cachês às vezes oferecidos, ou mesmo em escolas por ganhos de pontos na avaliação de seus atores-alunos.
Salva a situação a anual apresentação religiosa católica do auto da Entrada de Jesus em Jerusalém pelas ruas da cidade, evento que dá abertura à Semana Santa. Bons atores, bom enredo, boa música e o gênio de compositora e de direção de Graça Lima, como liturgia católica.
Faz-nos tristes o abandono do palco do Salão Paroquial, nosso humilde, mas tão útil teatro dos anos de 1970 a 2000. Salão-teatro abandonado que nos pergunta:
- Para que mesmo um palco?! Se não há mais quem se reúna e se faça um grupo de teatro amador?
Que o ouçam os educadores. É nas escolas que tudo começa! E mais, Águida Campelo, Graça Lima, José Brilhante, José Nilton Monteiro, Jônatas, Maria da Luz, Toinho Felix, Gilberto Brilhante, Adonias Carvalho, Rosângela Aguiar, Gilson Vieira, Charles Rodrigues, Lílian Lima Nunes, que o ouçam. Estes e muitos mais que possam reinventar o novo para ser atual teatro de Esperantinópolis.




Artes Plásticas


A cidade é uma obra de arte em permanente construção. Cria-se a cidade da esperança – Esperantinópolis – nome, cultura que lhe dá as características do que é o seu povo. Quadro vivo, cores vivas, pincéis vivos, imaginação de quem desenha, esculpe, constrói, dá tantas formas ao olhar do amor de nossa gente.
Formam-se os cartões postais, do que a natureza cria e a gente escolhe para o nosso ver de beleza e os que nossos artistas fazem obras de arte – ruas, a praça... Belas construções, monumentos - os verdes das serras que circundam a cidade, memórias de oficiais anônimos que construíram, formaram o lugar bonito a chamar-se de Esperantinópolis.
Artistas plásticos somos todos, com o amor que temos por nossa cidade. Mas consagrados por nós, como nossos reconhecimentos, são os que nos brindam com suas criações que atraem nossas admirações.
Como, quem:
Aluísio Lopes Viana que, e, 1982, surpreendeu-nos com sua arte de pintura, dando um seu quadro de excelente qualidade técnicas de belas-artes para ser a Capa do livro de Albertina Carneiro Arruda, este com o título Poesia, Canto D’Alma.
O exemplo de Aluísio Lopes Viana foi seguido por mais gente jovem, com aparecimentos em ocasiões de Festivais, com destaques para:
Cristiana Lima Corrêa da Paz, com pintura em óleo sobre tela, já são em boa quantidade os seus quadros, em que transmite sua visão de mundo de arte-educadora com o afã de formar escola, desejo seu de ver-se rodeada, seguida de novos artistas plásticos que, talvez, estejam dentre seus alunos.
Itamar Lima Orlando da Silva, autor de belos quadros decorativos, mas, ultimamente, a explorar o tema “nu feminino”, em que se lança com ousadia e arranca aplausos da crítica.
Gilmar Pereira Carvalho, evoluiu do paisagismo com registros de movimentos, ritmos, no seu último quadro “Beija-Flor”. Demonstra-se com a técnica necessária para a grande escalada da arte a que se deve empreender.
Josélio Fernandes da Silva, em busca da poesia do universo, pinta paisagens. A saudade dá cores, as formas são as de sua cidade, uma cidade paisagem ao pôr do sol.
Padre Carlinhos, nome popular e artístico, de Antonio Carlos Lima de Carvalho, cidadão esperantinopense desde 1987. Um mestre do desenho, da serigrafia, da fotografia e idealizador das formas, linhas monumentais do templo da Igreja Matriz de Esperantinópolis, construída sob sua orientação.
Mas, aguardamos ainda por nossos escultores. Nosso acervo em esculturas veio de fora, como o Cristo Nordestino, do autor piauiense Mestre Desinho, escultura em madeira trazida em 1979, pelo então Pároco Pe. Raimundo Jorge de Melo, aqui recebida como um símbolo da luta que então viviam as populações rurais do Município, contra a grilagem da que negava o direito de posse da terra aos que nela viviam e trabalhavam.
E monumentos... Além da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e de mais outras Igrejas Templos Evangélicos, Assembléia de Deus, Igreja Batista, Igreja Adventista, é monumento histórico a Praça Galdino Carneiro, com o busto em bronze de seu patrono.
Registre-se. Conto com pesar! Que somos ainda um povo que não guarda memórias. De monumentos públicos, só o de Galdino Carneiro, e sem uma placa, nem mesmo o registro de seu nome.
Já era associação instituída em 1988, a Associação Movimento Artístico de Esperantinópolis – AMAE, que, por nós seus fundadores, abrimos a Sala Museu da História de Esperantinópolis, com o objetivo de desencadear interesses, gostos, curiosidades, perguntas sobre a história do Município. Usamos uma sala do prédio que, então, abrigava a Casa de Cultura, à Rua 7 de Setembro, atual da Escola Municipal Pio XII.
Sem conhecimentos técnicos, de museologia, só pela boa vontade, por ter-se visto museus em São Luís, ousamos.
Deu bons resultados. Porém a falta de um espaço adequado, de um prédio destinado a esse fim, impediu possibilidades de o museu cumprir suas finalidades. Freqüentes mudanças fizeram com que se desaparecessem peças valiosas e até que, em 2008, vinte anos depois de fundado, o Museu Histórico de Esperantinópolis passou a ser “sem teto”. Guardado, do que não se perdeu, ainda está. Até quando?!
Mas a cidade não se descuida, por completo, de gravar-se em sua história, em seus símbolos ganhos da natureza. Há, sim, quem levante voz contra o crime-queimadas a destruir o verde, do verde que é nosso símbolo, cor de nosso Brasão Municipal, cor verde verso de nosso Hino da Cidade, cor verde da Bandeira do Município.
Cor verde rio Mearim da nossa geografia, cor verde de nossos palmeirais, cor verde do nome de Esperantinópolis.
Canto, aclamação, nossa auto-afirmação de cidadania pelo verde símbolo da vida fecunda em nossa terra a brotar e por ser da esperança o símbolo cor, matiz heráldico de nossa “Terra de Fulgente Esperança”.



CartaAo Desbravador Cândido Mendes da Silva 

Ano de 2010, junho
Faz um Século que o Senhor viu as águas da boa esperança, onde o Maranhão é ponto de uma batida de tambor aos 4º, 53’ e 01” de Latitude Sul e 44º, 52’ e 42” de Longitude Oeste. Onde nos encontramos na atualidade e procuramos achar ainda as pegadas do boi que só o Senhor viu, mas boi, sim, real, que abriu na carreira o nosso susto agora, que Esperantinópolis se dá em pasto a uma economia do agro-negócio-pecuária.
Porque, querido Desbravador, seguimos-lhe a derrubar as nossas florestas para produzir algodão e arroz, sina de ser maranhense, e porque também inventamos de ser atenienses e fundamos, a dois anos, a nossa Academia Esperantinopense de Letras.
E demos nosso apoio para que nos atrelassem os neo-colonizadores e nos fizéssemos agregados do latifúndio que reproduz a ideologia de ainda sermos vassalos de uma corte que nos faz reacionários, quando se fala de independência. Orgulhamo-nos de termos nossas marcas portuguesas. E somos os mais pobres, mais doentes, mais analfabetos, mais de pés de chinelos...
Não sei,Heroi nosso, se o Senhor compreende o que me passa agora em memória, da avaliação que faço da ação com que todos nós esperantinopenses nos empenhamos ao fazermos a cidade que o Senhor nem sonhou de que haveria de nascer do seu ponto rancho pioneiro, que fica hoje no bairro Laranjal, onde está a Escola Municipal Boa Esperança.
Mas contamos com a alegria, teimosia, confiança com que tantos se dessem ao sonho-vida-amor de fazer uma casa, habitar numa rua, plantar uma árvore e poder olhar o sol a cada manhã e pisar na terra molhada após uma chuva de abril. E isto o Senhor nos ensinou numa história que nos contaram e a gente a tomou nossa, nosso mito, a dizer quem somos nós.
Daí a festa que nos toma e na festa tomamos a terra das plantações das sementes de um novo algodoal, de novos verdes canaviais, de tanto ouro arroz, que produzimos tanto, em colheitas que nos reuniram no trabalho cidade. Cidade pão-suor-do-rosto, civilidade.
Porque a cidade não é rural, mas se alimenta da roça, do braço lavrador vem o cofo de arroz e do pilão que a mulher o pilou e a cantiga que a criança cantou, do que aprendeu dos passarinhos, do trote do jumento, dos entardeceres para o luar.
Que bom, amigo, mestre, pioneiro herói, o Senhor vive e nos conta a mesma nova história que nós, deste ano de 2010 em diante, após o centenário de sua caçada descobrimento posse, queremos continuar dizendo-a a quem conosco continuar o caminho que o Senhor nos trouxe e que o levaremos até onde pudermos e que será então com as novas gerações.
Eu estou feliz porque o conheci a mais de quarenta anos, graças ao seu Sobrinho João Gomes da Silva. E, com gratidão, faço-lhe esta carta com o desejo de que tantos, como eu, possam conhecer-lhe, seguir e agradecer.

                                                                      Do Seu Amigo
                                                           Raimundo Carneiro Corrêa








Acontecimentos


1º de janeiro de 2001
      - Posse do reeleito Prefeito Francisco Jovita Carneiro e do Vice-Prefeito Raimundo Davi Filho.

15 de junho de 2001
         - Início da construção do templo da igreja matriz da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

30 de setembro de 2001
      - Conclusão da pavimentação com asfalto da Estrada MA-012 de Esperantinópolis a Poção de Pedras.

16 de junho de 2002
    - Dom Belizário da Silva, Bispo Diocesano de Bacabal, celebra ação de graças pela construção da igreja matriz.

27 de junho de 2004
      - O Prefeito Francisco Jovita Carneiro comemora com o povo o Cinquentenário de Esperantinópolis.

1º de janeiro de 2005
       - Posse do Prefeito Mário Jorge Silva Carneiro e do Vice-Prefeito Raimundo Davi Filho.

22 de maio de 2008
      - Fundação da Academia Esperantinopense de Letras.

1º de janeiro de 2009
      - Posse do reeleito Prefeito Mário Jorge Silva Carneiro e do Vice-Prefeito Manoelde França Ferreira.


21 de março de 2009
      - O Prefeito Mário Jorge Silva Carneiro recepciona o Governador Jackson Lago que reinaugura a Praça Galdino Carneiro e entrega várias outras obras à comunidade.

Outubro de 2010
      - Conclui-se o senso demográfico, dando para Esperantinópolis a população municipal de 16.975 habitantes.






Esperantinópolis (MA), 1º de fevereiro a 12 de abril de 2010


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