Cidade Arte
“O
que a arte exprime, claramente, é como uma ponte entre dois mistérios, o que
vive profundamente na alma do artista e o que vem depois da obra de arte e não
acaba nunca.”
Graça Aranha
Esperantinópolis nasceu de
uma dança. Ganhou nome de festa onde se fez centro de uma graça que a envolveu
de cores e lhe deu luzes, luzes do Centro do Boi.
A dança economia que
impulsionou Cândido Mendes da Silva e seus companheiros a descer a Serra do
Angelim, ver, seguir o igarapé até onde o boi lhes aparece e a beber na lagoa,
boi largado de alguma boiada, boi do nome Centro do Boi.
Outro nome sugere ainda a
economia das terras devolutas, matas, chão fértil para os canaviais, algodoais,
arrozais... Como numa eterna quermesse a festa da esperança. Da Boa Esperança,
que o comerciante Cícero Gomes ouviu de um padre e então botou, já povoado Boa
Esperança.
A tradição a escrever-se
carta de amor à terra, amor de gente em casamentos e por casa, água e batismos
a dar nomes sagrados das bênçãos filiais.
Não havia ainda a
literatura, mas contavam-se as histórias das novenas de São Raimundo Nonato dos
sertanejos da Serra das Mangabeiras. Havia a romaria da Divindade pelos
caminhos, trazidos por piauienses. Eram grupos de devotos a conduzir Bandeira
vermelha do Divino Amor com a imagem de Pomba e a caixa tambor a tocar os
ritmos das cantorias das rezas.
Andavam de casa em casa a
abençoar e a pedir donativos para o final da novena na última noite de rezas
com muita comida e boa bebida. Com piauienses também veio a dança da Mangaba,
uma composição de ritmos de origem indígena e o batuque afro e a poesia canto
desafio entre cantadores nas noites dos pátios das moradias em que davam suas
ciências da construção do engenho de moer a cana e do cozimento do caldo para o
ponto de ser mel, açúcar, rapadura, cachaça.
Os cearenses ensinaram-nos
outras danças, como a Dança de São Gonçalo, a do Maneiro-pau e jeitos de
Reisadas, vários jeitos, conforme a região donde de originavam.
Reisados com acordeão,
rabeca, viola, pifre... Uns com danças; outros, não; outros com o Boi e a
Burrinha; as graças de Cazumbás também chamados Caretas. Inesquecível a memória
do Reisado de Engrácia Pinheiro! Agora, como são tantas as opções de lazer...
Como fazer de novo um Santos Reis com uma linguagem do Século XXI, sem o trair
das origens?
Há uma crise presente.
Recusa-se os bens do passado, e os do futuro ainda não há promessas.
Empobrece-se o presente. É o caso do Carnaval feito Forró! Descaracteriza-se!
Esperantinópolis não era muito
dada a carnaval em períodos de sua formação. Só no final do Século XX, depois
de 1980, aconteceram carnavais de rua. E graças às teimosias de carnavalescas
como Ricardina da Conceição, pioneira em desfile de blocos. O que deu até
escolas de sambas. Experiência de Francivaldo e Águida Carvalho, Chiquinho
Rodrigues, pode evoluir para um futuro bonito Carnaval.
O ano do calendário das
tradições abre tempos bonitos de festas, as festas religiosas e as civis com as
características folclórico-populares, como as festas do mês de junho. Dos
arraiais das Quadrilhas, do Bumba-meu-Boi, do Coco... Há uma invenção muito
grande de danças e ritmos. Sob influência tantas, em tempos de globalização.
Nossas tradições, em alguns
casos, deixam de ser tradição por querer-se ver bonito no espelho de uma
fantasia de pós-modernidade.
Mas há ainda quem vá à
fonte, quem busca raízes a brotar renovos de beleza. É o caso do coco-baião
dança Roda de Pote. Mandinga de graça a se formar nos arraiais da Cidade do
final do Século XX e vindo pelo Século XXI, sucesso marca dos folguedos de
Esperantinópolis, para dizer-se cidade festa, cidade da festa da esperança.
Letras
A cultura literária de
Esperantinópolis formou-se do encontro de linguagens, de letrados
barracordenses – funcionários públicos, professores, comerciantes – em diálogos
dia-a-dia com os sotaques de nordestinos migrantes, trabalhadores das lavouras,
tropeiros, artesãos, a formar linguagem significativa da cultura criadora de
nossas artes.
As danças, a musicalidade a
inventar instrumentos, o canto a usar letras palavras do viver, do amar, do
achar graça sentido caminho do novo a aparecer-se.
O que se escrevia ainda não
era literatura. Das primeiras quatro décadas de nossa história não se achou
registro do que pudéssemos classificar como escrita literária.
Em dezembro de 1953, Claudio
Carneiro trouxe de Barra do Corda vários exemplares do livro Canção do
Abandono, de Olímpio Cruz, a mostrar que gente do interior também pode ser
escritor e lançar livro. Foi um incentivo à leitura e à cultura da poesia que
passou a ser declamada nas festas, nas escolas, nos discursos de políticos.
No dia 27 de junho de 1954,
oficialmente, o Tabelião João Pinto Neto escreveu a Ata da instalação do
Município de Esperantinópolis. No ano seguinte, 1955, o Capuchinho Frei Cosme
de Borno iniciou os lançamentos no Livro de Tombo da Paróquia de registros dos
acontecimentos do que começava a constituir-se como a História Religiosa e
Civil da Cidade de Esperantinópolis.
No ano de 1960 chegavam as
Irmãs Missionárias Capuchinhas que fundaram o Educandário Santa Rosa de
Viterbo. Escola de curso primário, em que o ensino das artes tornou-se
disciplina, do canto, da dança, da poesia... Eram freqüentes as horas de arte
no palco do Educandário. Em 1968 inaugurou-se o Ginásio Bandeirante.
A literatura já aparecia,
primária, mas com registros, até em jornais de São Luís. Em 1970, eu escrevi e
ganhei publicação de 100 exemplares de trabalho escolar a que dei o título
Notas Históricas de Esperantinópolis. Ao mesmo tempo, incursionei no mundo da
heráldica e criei o Brasão Municipal e escrevi a letra do Hino da Cidade que, a
27 de abril de 1974, Graça Lima em ato de inauguração da Biblioteca Pública
Municipal, cantou-o com sua música, o primeiro poema escrito sobre
Esperantinópolis.
A 15 de agosto de 1973,
lancei o livro Noite dos Palmeirais, contos. Tempo este em que me envolvia com
todas as minhas potencialidades na construção de uma educação por ser nossa,
para Esperantinópolis.
Em 1982, eu, Graça Lima,
Domingas Alcântara, José Odon Soares de Carvalho, José Arimatéia Soares de
Carvalho, estes dois irmãos e músicos, também poetas e, numa reunião de
professoras, professores, artistas plásticos, gente boa já escrevendo bem, uma
juventude entusiasmada com a experiência de teatro já bem moderno, com o apoio
de toda a cidade, realizamos o 1º Festival de Arte Popular.
Foi um sucesso!
No ano seguinte, 1983,
formávamos o Movimento Artístico de Esperantinópolis que teve, como iniciativa
primeira a de lançar um livro coletânea de poemas escritos por integrantes do
movimento a que deram o título PRIMEIRA POESIA DE ESPERANTINÓPOLIS.
O título é verdadeiro. De
boa qualidade, sim, a primeira poesia de Esperantinópolis. Que continuou a
produzir-se, comunicar-se, fazer a festa imaginação esperança a contribuir com
o crescimento humano-social-cultural da cidade da esperança, que em 1985,
recebe de Albertina Carneiro Arruda o seu primeiro livro de poesia, Poesia
Canto D’alma. Por esse mesmo tempo a jovem talentosa Sandra Gomes Ibiapino
faz-se presente em sua escola com boa poesia e Edézio Monteiro da Silva nem
para nós com seu livro Eu Escravo (1983) e mais outros livros seus não
publicados, mas oferecidos à leitura nas exposições dos Festivais de Arte
Popular, nas feiras escolares, nas mãos de amigos.
Em 1985, visitam-nos o poeta
Chagas Val, o dramaturgo Tácito Borralho, o maestro Wellington Reis,
representantes da Secretaria de Estado da Cultura que vieram ver o que
Esperantinópolis fazia em termos de cultura e arte, ensejo em que firmaram as
condições para que nossa Cidade tivesse a sua Casa de Cultura, então entregue a
Graça Lima, e mais, que Esperantinópolis tornasse-se Pólo Regional de Cultura
da SECMA.
Em 1986, escritores de
Esperantinópolis, Albertina Arruda, Edézio Monteiro e Raimundo Carneiro Corrêa,
participam, em São Luís, do Encontro de Escritores Maranhenses, ponto histórico
de que Esperantinópolis tornou-se conhecida e integrada no mundo da literatura
maranhense.
Em 1989, lancei o meu
terceiro livro, Trincheira do Azul, graças à solidariedade de três
jovens amigos, Edézio Sena, José Arimatéia Soares de Carvalho e José Odon
Soares de Carvalho que, comigo, formaram um fundo financeiro capaz de custear a
impressão que, aliás, veio-nos cheia de erros, apesar da revisão que não foi considerada
pela gráfica impressora. Ainda do período década dos anos de 1980, é-nos
aparecido o talento de Francisco Rodrigues do Nascimento, jovem empenhadíssimo
em atividades culturais, organizou, sistematizou a Biblioteca Pública Municipal
para ser ponto de estudos dos alunos que a freqüentavam. E onde revelou-se
poeta de uma originalidade lírica impressionante, chegando a lançar-se no livro
RELICÁRIO, que, como expressa o título, ainda em cores românticas, porém a
demonstrar-se poeta de seu mundo com propostas inovadoras em formas, temas,
objetivos.
Em 1994, participei do
concurso do Plano Editorial SIOGE/SECMA com o romance As Vaias da Galera,
meu 4ºlivro. Com surpresa, recebi, pelo radialista Nilton Lee, a boa notícia da
escolha pela Comissão de Leitura de meu livro. Desta forma, agradecido,
reconheci-me aceito entre os escritores maranhenses.
Por mais quase duas décadas,
a literatura esperantinopense não se publicou. Mas a refazer-se,
reconstruir-se, saiu da rua e estudou. Quantos livros lidos, a preocupação pela
formação acadêmica, tempo de espera e ação a se construir para em 2008, se
fundar a Academia Esperantinopense de Letras, com Raimundo Carneiro Corrêa,
Edézio Monteiro da Silva, Maria das Graças Lima Corrêa, Domingas Alcântara da
Cruz, Raimundo Jovita de Arruda Bonfim, Márcia Fernanda Silva Figueredo,
Albertina, Carneiro Arruda, Elizeu Lima Nascimento, Ana Néres Pessoa Lima Góes,
Claudionel Carneiro de Souza, Sandra Gomes Ibiapino Marinho, Arlete de Souza
Medeiros, Expedita de Araújo Silva, Maria Ires Clementino da Silva, Kelly
Cristina Jovita Leite Santos, Ielde Simone Alencar Silveira, Jerry Adriany
Rodrigues Nascimento, Josué Gonçalves de Lima. São estes, escritores, que
também exercem profissões do mundo das ciências da educação, das medicinas,
humana e veterinária, da Contabilidade, das comunicações, artistas também do
teatro, da música, das artes plásticas.
Nossas letras estão em
oficinas de muito trabalho por saírem-se em breve futuro, já pré-anunciados,
trabalhos, com a marca da literatura contemporânea maranhense, inovada quanto à
forma, com temáticas atuais, que se expressam com lirismo participativo,
contextualizado, ao poetizar a vida em lutas por causas locais e universais.
Liberada do regionalismo, participa da cidadania do mundo que pretende
compreender, assumir e também o transformar. Faz-se com a história do mundo,
aberta ao diálogo, disposta, corajosa, livre.
Assim a lemos em Edézio
Monteiro, Nilton Lee, Elizeu Nascimento, Claudionel Souza, também Graça Lima,
Albertina Arruda, Maria Ires Clementino, Arlete Medeiros, Sandra Marinho, Ana
Néres Góes, estas duas últimas, vencedoras de concurso literário do 13º
Festival de Arte Popular. Literatura esperantinopense que a 22 de dezembro de
2010 ganhou a eternidade com a morte do Poeta Edézio Monteiro. Sua obra, de um
grande valor estético e renovador, ainda está inédita.
É desejo nosso a sua
publicação. Causa do povo esperantinopense por um dos seus mais ilustres
poetas.
Música
Música... A da sanfona, da
tradição musical nordestina, do baião-pé-de-serra, e das violeiras cantorias.
Rabecas e pifres e as percussões que faziam as danças do Bumba Boi, da Mangada,
do Divino, do Reisado, faziam-nos as festas do corpo e do espírito, do amor e
do céu, a unir terra e céu.
De Barra do Corda, veio-nos
o violão de Canaã Ribeiro, o pistão de Orlando Ribeiro e as melodias da fé
católica de ladainhas, cânticos, e letras e músicas das canções que, por lá,
Barra do Corda, se ouvia do rádio, recebia-se em partituras pelo correio.
A partir de 1950,
apareceu-nos a vitrola, a voz de Luís Gonzaga, de Emilinha Borba, Dalva de
Oliveira, Jackson do Pandeiro, João do Vale. Para alegrar o primeiro festejo da
cidade, veio-nos, de Pedreiras, a Voz do Comércio, alto-falantes e, que
discoteca! No ano seguinte, 1955, os freis capuchinhos instalaram o serviço de
som da Paróquia, a Voz da Esperança, que, a partir de 1970 chamou-se Voz do
Cine Azteka com locução e técnica de som de Deolindo Ribeiro da Silva. Com o
fechamento do Cine Azteka, 1983, inconformados com o silêncio musical, grupo de
jovens liderado por Nilton Lee, realiza projeto Programa Emoções, com uma muito
bem selecionada trilha musical de muito bom gosto, a unir tradição e renovação.
O rádio de transistor, a
pilha, popularizou a música que nos deu a ouvir, a aprender, por fazer-nos
presente de programações musicais dos grandes centros.
Mas os encantos da arte
musical a inspirar por mãos mestres de tocadores afamados vindos de longe foi o
que mais influenciou, impulsionou nossa cultura musical.
Consideramos nosso primeiro
músico, tocador de sanfona esperantinopense, o Newton Dias Cardoso que desde
1952 faz música, com nosso povo em festa, exemplo seguido pela família. Newton
ainda vive e vê os filhos, também músicos, Newtinho, tecladista, e Pedrinho do
Acordeão que já integrou elenco de bandas famosas, nesta fase de início de
Século XXI, do predomínio dos mega-shows a fazer a festa da música forró destes
nossos tempos.
Registramos, por seus bons
desempenhos musicais outros nomes, seguidores da tradição iniciada por Newton
Dias Cardoso, músicos valorosos como Zequinha Lucena, líder músico sanfoneiro,
que fez escola, influenciando gerações de fãs dos quais muitos músicos
tornaram-se como Antonio Luís Ferreira, também
radialista, cantor, comunicador, Sérgio Lopes Silva que, nos anos de 1980 e
inícios de 1990, fundou o Grupo Esperança, com sucesso registrado na memória de
quantos que dançaram, amaram em seus bailes pela região.
Com o surgimento dos
conjuntos musicais eletrônicos, os grupos sanfoneiros baião-pé-de-serra como
ainda então os conhecemos, sofreram grande queda de procura por parte dos
festeiros a quem encantava o som eletrônico de guitarra, contrabaixo, teclado
de tantos sons. Ainda, no entanto, persistem os grupos populares, exemplo de
garra, como o do Zé Antonio da Jaqueira, de Esperantinópolis, desde 2003.
Voltando um pouco no tempo,
de antes da tecnologia do som a evoluir-se, entre nós, lembramo-nos do primeiro
baile animado por conjunto musical eletrônico, em 1968, promoção da Professora
Maria Amélia Bezerra de Almeida. Um encanto, o som do órgão eletrônico, ao
vivo! Durante as décadas de 1970 e 80, a mocidade urbana divertia-se com
conjuntos musicais, famosos como o Jomar Tempo 3, os Bárbaros do Ritmo, dentre
vários que fizeram as festas da Associação Recreativa da Mocidade
Esperantinopense.
E os festivais!
Foram sementeiras. Fecundas,
a partir de 1982. Quantos bons músicos, compositores, letristas, cantores
Esperantinópolis ganhou com os Festivais de Arte Popular. São dessa época bons
músicos, os irmãos José Odon Soares de Carvalho e José Arimatéia Soares de
Carvalho, com o seu primo compositor e cantor Edvaldo Soares. E tantos e
tantas, gente jovem que cultivou talentos e participou de eventos marcantes de
nossa história musical do período, evento como a instalação da Rádio Boa
Esperança do Mearim (1990) porta que trouxe a boa música popular brasileira na
sua rica diversidade de gêneros e estilos e sob apresentações de gente nossa e
nova a aprender com o microfone a comunicação com as massas da região do nosso
Médio Mearim.
Esperantinópolis se fez
encantos, arranjos musicais, beleza cidade musical com as vozes, os gênios de:
Graça Lima, autora de música religiosa católica e música popular brasileira e
maranhense, é mobilizadora do movimento cultural-artístico, técnica em gestão
cultural, idealizadora e realizadora de muitos eventos dos quais sobressaem-se
os treze Festivais de Arte Popular, no período de 1982-2010; é cantora da
música do Hino de Esperantinópolis.
Leone, nome artístico de
Josué Gonçalves de Lima Carneirinho, é letrista, compositor, cantor estilo
sertanejo romântico, campeão em competições em vários festivais; Leonildo, nome
artístico de Roberto Ferreira Silva, estilo musical do arrocha, variação brega
para o sertanejo, voz muito aplaudida, campeã em festivais de que tem
participado; Nilton Lee, de formação jornalista e poeta. As letras de suas
canções expressam do poeta-cantor o lirismo na integração do eu e o mundo, o
mundo da luta a se transformar com a ação música e poesia na história.
Maria da Luz Felix Borges,
boa voz feminina, letrista, compositora, são belos e alguns deles premiados, os
sambas-enredos que tem composto para o carnaval esperantinopense.
Jailson Fontes Alves, músico
com pleno domínio de vários instrumentos como teclado, piano, violão, guitarra,
autor de belos arranjos musicais. É cantor que anima festas sociais com boa
música e boa voz.
Antonio Carlos Lima de
Carvalho, Padre Carlinhos, letrista, compositor, cantor, músico. Sua
participação na música esperantinopense é muito importante, mais como Padre
Católico, por incentivar grupos e pessoas quando de eventos religiosos, à
participação com voz, toque e talento.
Adonias Carvalho,
compositor, cantor, autor e ator teatral. Faz música com lirismo que se
desprende do romântico e se aliança à vida, fonte do amor.
Francisco David Souza,
Bedeu, compõe e canta, reconhece-se de estilo brega e forró. Sambista, é também
autor de sambas-enredo premiados.
E tantos, tantas, como o
sempre presente poeta, cantor Raimundo Abel; o poeta, dramaturgo e senhor de
uma boa voz, cantor Adonias Carvalho; o orador e cantor, voz inconfundível, do
educador Jomilson Barbosa; o também, herdeiro de um canto bonito de ex
vocalista de bandas musicais, o talentoso Thiago Lima, nome artístico de
Adonias Rodrigues Feitosa.
Vozes vindas de mestres e de
aprendizes, mas juntas, adentrando o Século XXI sob fortes influências de super
bandas musicais, em super shows, encantadores. Quem não as admira? Que artista
sedento de beleza, luz, glória e som potente não se deseje nessas apoteoses
musicais? A imitação torna-se inevitável e benéfica. Benéfica em casos, quando
a imitação busca no ser, no eu “tupiniquim” a massa a modelar-se por um sopro
original de inovação.
Assim, as nossas bandas
locais formadas ultimamente, com as caras, as belezas, os ritmos de danças de
nosso povo. Quem são:
MARKA SAMBA, dos irmãos
Marquinhos, Maycon, Marcelo, Mãe Maria e Pai Francisquinho. Fazem o forró
swingado, de inspiração no pagode-axé-baiano, agrada tanto por arranjos de
percussão que caracterizam a banda para o bom gosto do balanço.
HORTELÃ COM MEL, a sugerir
beijo sabor de amor, amor à arte de sua idealizadora Toinha Silva com a voz de
Deusimar Souza, voz reconhecida das festas com o tom do arrocha do vocal de
Guilherme, voz e simpatia, e que harmonia!
DOCE MEL NA BOCA, a doçura
da vida enamorada, música romântica em sintonia com os momentos de forró
balanço, ào bom vocal de Vildene que diz-se cantora pela “vontade de ser ela
mesma com a arte, ao abrir espaço para estar junto com sua gente no amor dança,
festa, felicidade”.
RAIOS DO FORRÓ ou Forrozão
Raios, esta uma banda instituída e mantida pela Prefeitura Municipal. Estilo
musical “forró vaneirão”. Agrada bem pelo bom som da técnica de Francival Alves
dos Santos. Som programado de Toinho Silva e vozes bem harmonizadas dos
vocalistas Jussiê e Neuzinho.
Teatro
Primeiro, foi um palhaço que
me assustou. Assim, com medo, ouvi o anúncio do espetáculo a dar-se na Rua do
Caracol, de tempos em que o povoado de Boa Esperança expandia-se por áreas que
atualmente são do Bairro Castelinho.
O teatro de bonecos foi o
primeiro de nossas visões. Vinham os artistas com suas maletas de bonecos
mamulengos a brincar de cima de empanadas, como o Casemiro Coco, a Maria Quitéria...
Um desses artistas vivem conosco até os anos de 1990, o Zeca Mateus, também
mágico e, que palhaço!
Os primeiros circos a dar
espetáculos vieram-nos a partir de 1948, com o auxílio do transporte por
caminhão. Mambenses, porém carregados de muita graça, sonho e arte.
Teatro mesmo, o primeiro
palco, começou com Rosa de Canaã Ribeiro, a partir de 1945. Tatro de revista
aprendido com as Freiras educadoras de Barra do Corda. Canaã Ribeiro e seus
irmãos Orlando Ribeiro e Ivan Ribeiro, formaram do casarão familiar um teatro
improvisado, com palco, boa cenografia, iluminação a querosene, “petromax”,
utilizando papel celofane de várias cores para mudar tons de claridade. Os
textos das peças, canções, coreografias das danças, os modelos de figurinos,
tudo aprendizado com a cultura das artes barracordenses.
Mas, que sucesso! Tornou-se
escola, ao se fazer de novo, todos os anos, ao multiplicar-se, desejo da
juventude que se empenhou de também criar suas peças, danças, fantasias e
canções.
A partir de 1960, com o
Educandário Santa Rosa de Viterbo, das Irmãs Capuchinhas, tornaram-se mais
freqüentes os espetáculos em que se experimentava o fazer arte com
conhecimento, do texto teatral, da expressão corporal e vocal, cenografia,
iluminação, guarda-roupa, maquiagem... Da trilha sonora. O teatro arte que se
faz com todas as artes.
Deu-nos esse tempo, de tão
poucos anos, mas de uma fecunda educação artística, discípulos, como Graça
Lima, Nazaré Campelo, Luís Carneiro, que em 1968, ousaram em adaptar o texto
clássico do conto Cinderela para teatro. Formaram elenco, figurino de
época, cenário e, ela mesma, Graça Lima, atuando no papel principal, fez - que
se abrisse o pano de boca do palco e deu-se a ver, a primeira vez, uma peça que
comoveu a todos.
Ainda na década dos anos de
1970, por iniciativa do então Pároco Padre Raimundo Jorge de Melo, visitou-nos
o GRITA, Grupo de Teatro Amador, do Bairro Anjo da Guarda, de São Luís, com a
apresentação da peça De Volta ao Madeiro.
Que aula para os artistas
amadores esperantinopenses! A novidade da arte teatral encarnada na realidade
da vida do povo que, também, participa, canta, dança e dialoga com seus
artistas.
Em 1980, professores estudantes
do curso adicional ao magistério de 2º Grau do Colégio Cláudio Carneiro
promoveram a encenação da peça O Circo Mágico Pororoca, uma comédia com
temática social engajada, contando com trilha musical em que novamente Graça
Lima demonstrou talento de compositora, diretora e, também, atriz.
Dois anos depois, 1982,
ainda com Graça Lima, dramaturga, com várias peças encenadas, compositora, e
então produtora cultural ao reunir professores, alunos, a comunidade
esperantinopense a realizar o Primeiro Festival de Arte Popular – FAPE.
Além de ter sido um belo
festival de teatro, também o FAPE o foi de literatura, música, dança, artes
plásticas, artesanato e de apresentações folclóricas.
Por todos os últimos vinte
anos do Século XX, Esperantinópolis foi palco de muitos espetáculos, com
surgimentos de grupos como o Movimento Artístico de Esperantinópolis
(1983) e o Cem Modos (1989).
O Movimento Artístico de Esperantinópolis,
que se fez associação sob a sigla AMAE, registra-se na história de
Esperantinópolis como escola e porque sua nascente deu-se numa escola, o
Colégio Cláudio Carneiro, donde saíram os primeiros educadores filhos e filhas
da terra de Esperantinópolis. E que continua a oferecer-se em aulas ao
completar trinta anos de caminhada, ao renovar-se de acordo as exigências de
cada etapa de seu percurso de ação associativa com as artes.
Os Cem Modos, por dez
anos, mobilizou jovens artistas, os formou e os enviou. São muitos que ainda
oferecem qualidades de uma boa arte teatral, musical, literária, que reúne a
Cidade Arte em eventos como no carnaval, na semana santa, nas festas juninas.
Dessa evolução da Cidade
Arte, a gente recebe com gratidão mestres e mestras. Gente que aprendeu com a
luta e que ensina com amor. Registremos, da AMAE, a já tão bem conhecida Graça
Lima e Lúcia Regina Silva Oliveira, in memoriam; do CEM MODOS, a educadora Águida
Campelo Carvalho e a cantora Maria da Luz Felix Borges.
Mas a atualidade (2010) do
teatro esperantinopense é de recesso. Poucas iniciativas, de religiosos. Fora
disso, algumas peças, sem a necessária qualidade artística, em apresentações de
eventos por cachês às vezes oferecidos, ou mesmo em escolas por ganhos de
pontos na avaliação de seus atores-alunos.
Salva a situação a anual
apresentação religiosa católica do auto da Entrada de Jesus em Jerusalém pelas
ruas da cidade, evento que dá abertura à Semana Santa. Bons atores, bom enredo,
boa música e o gênio de compositora e de direção de Graça Lima, como liturgia
católica.
Faz-nos tristes o abandono
do palco do Salão Paroquial, nosso humilde, mas tão útil teatro dos anos de
1970 a 2000. Salão-teatro abandonado que nos pergunta:
- Para que mesmo um palco?!
Se não há mais quem se reúna e se faça um grupo de teatro amador?
Que o ouçam os educadores. É
nas escolas que tudo começa! E mais, Águida Campelo,
Graça Lima, José Brilhante, José Nilton Monteiro, Jônatas, Maria da Luz, Toinho
Felix, Gilberto Brilhante, Adonias Carvalho, Rosângela Aguiar, Gilson Vieira,
Charles Rodrigues, Lílian Lima Nunes, que o ouçam. Estes e muitos mais que
possam reinventar o novo para ser atual teatro de Esperantinópolis.
Artes Plásticas
A cidade é uma obra de arte
em permanente construção. Cria-se a cidade da esperança – Esperantinópolis –
nome, cultura que lhe dá as características do que é o seu povo. Quadro vivo,
cores vivas, pincéis vivos, imaginação de quem desenha, esculpe, constrói, dá
tantas formas ao olhar do amor de nossa gente.
Formam-se os cartões postais,
do que a natureza cria e a gente escolhe para o nosso ver de beleza e os que
nossos artistas fazem obras de arte – ruas, a praça... Belas construções,
monumentos - os verdes das serras que circundam a cidade, memórias de oficiais
anônimos que construíram, formaram o lugar bonito a chamar-se de Esperantinópolis.
Artistas plásticos somos
todos, com o amor que temos por nossa cidade. Mas consagrados por nós, como
nossos reconhecimentos, são os que nos brindam com suas criações que atraem
nossas admirações.
Como, quem:
Aluísio Lopes Viana que, e,
1982, surpreendeu-nos com sua arte de pintura, dando um seu quadro de excelente
qualidade técnicas de belas-artes para ser a Capa do livro de Albertina
Carneiro Arruda, este com o título Poesia, Canto D’Alma.
O exemplo de Aluísio Lopes
Viana foi seguido por mais gente jovem, com aparecimentos em ocasiões de
Festivais, com destaques para:
Cristiana Lima Corrêa da Paz,
com pintura em óleo sobre tela, já são em boa quantidade os seus quadros, em
que transmite sua visão de mundo de arte-educadora com o afã de formar escola,
desejo seu de ver-se rodeada, seguida de novos artistas plásticos que, talvez,
estejam dentre seus alunos.
Itamar Lima Orlando da Silva,
autor de belos quadros decorativos, mas, ultimamente, a explorar o tema “nu
feminino”, em que se lança com ousadia e arranca aplausos da crítica.
Gilmar Pereira Carvalho,
evoluiu do paisagismo com registros de movimentos, ritmos, no seu último quadro
“Beija-Flor”. Demonstra-se com a técnica necessária para a grande escalada da
arte a que se deve empreender.
Josélio Fernandes da Silva,
em busca da poesia do universo, pinta paisagens. A saudade dá cores, as formas
são as de sua cidade, uma cidade paisagem ao pôr do sol.
Padre Carlinhos, nome
popular e artístico, de Antonio Carlos Lima de Carvalho, cidadão
esperantinopense desde 1987. Um mestre do desenho, da serigrafia, da fotografia
e idealizador das formas, linhas monumentais do templo da Igreja Matriz de
Esperantinópolis, construída sob sua orientação.
Mas, aguardamos ainda por nossos escultores. Nosso acervo em
esculturas veio de fora, como o Cristo Nordestino, do autor piauiense Mestre
Desinho, escultura em madeira trazida em 1979, pelo então Pároco Pe. Raimundo
Jorge de Melo, aqui recebida como um símbolo da luta que então viviam as
populações rurais do Município, contra a grilagem da que negava o direito de
posse da terra aos que nela viviam e trabalhavam.
E monumentos... Além da
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e de mais outras Igrejas
Templos Evangélicos, Assembléia de Deus, Igreja Batista, Igreja Adventista, é
monumento histórico a Praça Galdino Carneiro, com o busto em bronze de seu
patrono.
Registre-se. Conto com
pesar! Que somos ainda um povo que não guarda memórias. De monumentos públicos,
só o de Galdino Carneiro, e sem uma placa, nem mesmo o registro de seu nome.
Já era associação instituída
em 1988, a Associação Movimento Artístico de Esperantinópolis – AMAE, que, por
nós seus fundadores, abrimos a Sala Museu da História de Esperantinópolis, com
o objetivo de desencadear interesses, gostos, curiosidades, perguntas sobre a
história do Município. Usamos uma sala do prédio que, então, abrigava a Casa de
Cultura, à Rua 7 de Setembro, atual da Escola Municipal Pio XII.
Sem conhecimentos técnicos,
de museologia, só pela boa vontade, por ter-se visto museus em São Luís,
ousamos.
Deu bons resultados. Porém a
falta de um espaço adequado, de um prédio destinado a esse fim, impediu
possibilidades de o museu cumprir suas finalidades. Freqüentes mudanças fizeram
com que se desaparecessem peças valiosas e até que, em 2008, vinte anos depois
de fundado, o Museu Histórico de Esperantinópolis passou a ser “sem teto”.
Guardado, do que não se perdeu, ainda está. Até quando?!
Mas a cidade não se
descuida, por completo, de gravar-se em sua história, em seus símbolos ganhos
da natureza. Há, sim, quem levante voz contra o crime-queimadas a destruir o
verde, do verde que é nosso símbolo, cor de nosso Brasão Municipal, cor verde
verso de nosso Hino da Cidade, cor verde da Bandeira do Município.
Cor verde rio Mearim da
nossa geografia, cor verde de nossos palmeirais, cor verde do nome de
Esperantinópolis.
Canto, aclamação, nossa
auto-afirmação de cidadania pelo verde símbolo da vida fecunda em nossa terra a
brotar e por ser da esperança o símbolo cor, matiz heráldico de nossa “Terra de
Fulgente Esperança”.
CartaAo Desbravador Cândido
Mendes da Silva
Ano de 2010, junho
Faz um Século que o Senhor
viu as águas da boa esperança, onde o Maranhão é ponto de uma batida de tambor
aos 4º, 53’ e 01” de Latitude Sul e 44º, 52’ e 42” de Longitude Oeste. Onde nos
encontramos na atualidade e procuramos achar ainda as pegadas do boi que só o
Senhor viu, mas boi, sim, real, que abriu na carreira o nosso susto agora, que
Esperantinópolis se dá em pasto a uma economia do agro-negócio-pecuária.
Porque, querido Desbravador,
seguimos-lhe a derrubar as nossas florestas para produzir algodão e arroz, sina
de ser maranhense, e porque também inventamos de ser atenienses e fundamos, a
dois anos, a nossa Academia Esperantinopense de Letras.
E demos nosso apoio para que
nos atrelassem os neo-colonizadores e nos fizéssemos agregados do latifúndio
que reproduz a ideologia de ainda sermos vassalos de uma corte que nos faz
reacionários, quando se fala de independência. Orgulhamo-nos de termos nossas
marcas portuguesas. E somos os mais pobres, mais doentes, mais analfabetos,
mais de pés de chinelos...
Não sei,Heroi nosso, se o
Senhor compreende o que me passa agora em memória, da avaliação que faço da
ação com que todos nós esperantinopenses nos empenhamos ao fazermos a cidade
que o Senhor nem sonhou de que haveria de nascer do seu ponto rancho pioneiro,
que fica hoje no bairro Laranjal, onde está a Escola Municipal Boa Esperança.
Mas contamos com a alegria,
teimosia, confiança com que tantos se dessem ao sonho-vida-amor de fazer uma
casa, habitar numa rua, plantar uma árvore e poder olhar o sol a cada manhã e
pisar na terra molhada após uma chuva de abril. E isto o Senhor nos ensinou
numa história que nos contaram e a gente a tomou nossa, nosso mito, a dizer
quem somos nós.
Daí a festa que nos toma e
na festa tomamos a terra das plantações das sementes de um novo algodoal, de
novos verdes canaviais, de tanto ouro arroz, que produzimos tanto, em colheitas
que nos reuniram no trabalho cidade. Cidade pão-suor-do-rosto, civilidade.
Porque a cidade não é rural,
mas se alimenta da roça, do braço lavrador vem o cofo de arroz e do pilão que a
mulher o pilou e a cantiga que a criança cantou, do que aprendeu dos
passarinhos, do trote do jumento, dos entardeceres para o luar.
Que bom, amigo, mestre,
pioneiro herói, o Senhor vive e nos conta a mesma nova história que nós, deste
ano de 2010 em diante, após o centenário de sua caçada descobrimento posse,
queremos continuar dizendo-a a quem conosco continuar o caminho que o Senhor
nos trouxe e que o levaremos até onde pudermos e que será então com as novas
gerações.
Eu estou feliz porque o
conheci a mais de quarenta anos, graças ao seu Sobrinho João Gomes da Silva. E,
com gratidão, faço-lhe esta carta com o desejo de que tantos, como eu, possam conhecer-lhe,
seguir e agradecer.
Do Seu Amigo
Raimundo Carneiro Corrêa
Acontecimentos
1º de janeiro de 2001
-
Posse do reeleito Prefeito Francisco Jovita Carneiro e do Vice-Prefeito
Raimundo Davi Filho.
15 de junho de 2001
- Início da construção do templo da igreja matriz da Paróquia Nossa
Senhora do Rosário de Fátima.
30 de setembro de 2001
- Conclusão da pavimentação com asfalto da
Estrada MA-012 de Esperantinópolis a Poção de Pedras.
16 de junho de 2002
-
Dom Belizário da Silva, Bispo Diocesano de Bacabal, celebra ação de graças pela
construção da igreja matriz.
27 de junho de 2004
-
O Prefeito Francisco Jovita Carneiro comemora com o povo o Cinquentenário de
Esperantinópolis.
1º de janeiro de 2005
- Posse do Prefeito Mário Jorge Silva Carneiro e do Vice-Prefeito
Raimundo Davi Filho.
22 de maio de 2008
-
Fundação da Academia Esperantinopense de Letras.
1º de janeiro de 2009
-
Posse do reeleito Prefeito Mário Jorge Silva Carneiro e do Vice-Prefeito
Manoelde França Ferreira.
21 de março de 2009
-
O Prefeito Mário Jorge Silva Carneiro recepciona o Governador Jackson Lago que
reinaugura a Praça Galdino Carneiro e entrega várias outras obras à comunidade.
Outubro de 2010
-
Conclui-se o senso demográfico, dando para Esperantinópolis a população
municipal de 16.975 habitantes.
Esperantinópolis (MA), 1º de fevereiro a 12
de abril de 2010
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